Bocas Famintas

Eu prefiro mergulhar a mente no infinito
rebuscá-la de formas, ritmos e sonetos perfeitos
para alargar minha tenda, enobrecer meu espírito
para mover montanhas, fazer obras e grandes feitos.

Prefiro-me como um andarilho cercado de gente
escurecer-me para as falsas palavras de árduo talento
sinto-me só, mesmo com gente, vejo hermitar de carente
vejo-me com o tempo escorrer por mim como um rio lento.

Vejo-me com asas brancas das quais me levam alto
vejo-me com mãos fortes para erguer meu planalto
vejo-me cercado de bocas famintas de conteúdo burro
vejo-me nesse meio com vontade de, no ar, dar um murro.

Ah! Que vontade de espancar as palavras do vento!
Vontade de esquecer, desprogramar esse falso momento!
Mas a Moira não me deixa! Não dá para mim essa divindade!
E tudo o que me resta é apenas a mais pura e crua verdade!

Só me resta caminhar! Caminhar no chão de terra seca sem cair!
Resta-me olhar para frente com fé e matar a verdade sem sentir:
pena, remorsos, misericórdias, arrependimentos... Ei de vencer!

Ei de olhar para frente e não mais para trás!
Ei de matar as bocas famintas com o silêncio mórbido!
Ei de chegar na minha morada e descansar, eis a paz!
Ei de puramente estrangular o pudor sujo e sórdido
Com palavras silenciosas de um louco que só quer descansar!


Thiago Guimarães de Pina

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