Caravela




Pelas areias da vida, pelos mares e oceanos
aos quais serão revelados todos os cânticos
- Icem as velas! Preparem o timão e aprontem o leme!
Eis que o navio irá zarpar e seguirá à praia do Leme!

Dali seguirei em direção ao velho forte
e ali verei a beleza que é olhar para o infinito
pois já dizia o poeta:
"Embaixo - o mar, em cima - o firmamento...
e no mar e no céu - a imensidade!"

Eis o crucial momento
eis que essa é a hora de viver
de olhar para o futuro e nele e com ele enxergar
o amor ao próximo mais do que a mim
o acolhimento, o acalento do beijo, o desejo de amar...
O corpo já não pode e nem deve mais suportar
ficar só e caminhar só! Um porto seguro ele deve achar.

Eis que o futuro a tudo se espera
dele e por ele apenas se exaspera
encontrar aquela mulher com olhos de ressaca
aquela mulher que o coração finca uma faca
e dele extrai toda a vida, pois é dela e de ninguém mais.

Não há mais em mim o acalento do jamais!
O sonho de viver e navegar pelos sete mares é dela!
Eis que ela é a chama, o fogo que não queima, é a minha caravela!
É a vida que foi embora, é o tempo e toda hora existente
é o acalento do enfermo, é a cura para o solitário carente!

Eis que ela é o infinito do meu espírito
é a metade da minha quebrada alma
é a quem me carrega na mão, na palma
é o meu desejo, insano, intenso e satírico!

Eis que o azul do céu a nada se compara
e o azul escuro do mar a ela nada se ampara
nem o brilho das estrelas são suficientes
para suprir a imensidão dos indigentes.

Eis que devo eu apenas olhar a imensidade
essa que o poeta já dizia, só pela vontade
exasperada de algum dia ela me notar
e dela fazer em fato e em verdade o verbo amar.

Pensava eu comigo mesmo
o quanto é importante lutar
todo dia por um motivo e não a esmo
pois navegar é preciso e viver não é preciso
mas viver com o dom maior esse sim é conciso
pois assim serei humano, louco a amar!

Thiago Guimarães de Pina

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