Lembrar


Lembrar que aquele beijo não mais voltará
lembrar que aquele amaço não mais sentirá
lembrar apenas que havia uma atenção em especial
ao qual não havia como parar de olhar naquele final

Lembrar que comia sorvete sem preocupações
lembrar que empinava pipa no céu azul
lembrar que caminhava quilômetros até a escola
lembrar que vivia em dia de prova a dar cola

Lembrar que Marta foi a primeira garota que beijei
Lembrar com quem foi a minha primeira vez
lembrar ainda com que tive o primeiro amor verdadeiro
e gravar na memória com quem pude entender o ato de amar

Lembrar que odiava estudar matemática
mas tirava dez com uma facilidade descomunal
Lembrar que adorava estudar português
mas que tirava nota baixa por ter uma maior dificuldade

Lembrar que sempre tive vontade
de não ser tão tímido perto das mulheres mais lindas
Lembrar de que ficava horas no ponto de ônibus
batendo papo com aqueles amigos que não vejo mais

Lembrar que a minha raíz ficou há muito tempo para trás
lembra-me da saudade que hoje está a ficar
lembrar apenas da mulher que desejei ardentemente
e nunca pude nessa vida ter a chance de tê-la
nem que fosse para dar um beijo único se quer

Lembrar daquela música que me fez escolher o que hoje sou
lembrar daquele momento de formatura do colegial
lembrar que me tornei naquele dia um homem normal
capaz de acertar de maneira incrível e errar da mesma maneira

Lembrar que passei fome e sede
lembrar que dormi na casa de amigos
lembrar que tenho uma família incomum
ao que se pode dizer do que hoje se vê a família

Lembrar que sempre mantive o sonho
de ser livre e viver a vida com o vento no rosto
fazer qualquer comida com um gosto
de que só eu poderia reprovar ou aprovar

Lembrar que ainda assim
preciso de alguém ao meu lado
pois sou um homem apaixonado
pelo que faço, pelo que sou

Lembrar que cada momento que vivi
foi um ensaio para uma verdadeira obra de arte
que só Deus sabe quando há de vir
e talvez eu ainda possa no coração sentir

As ondas do mar se chocarem fortemente
contra o recife ali intensa e penetrantemente
que nem o ato de lembrar poderá ter mais força
para fazer com que esta mente torça
todo o respingo de memória
que ainda sobrara para lembrar.


Thiago Guimarães de Pina

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