Solidão




Não vejo os teus olhos perto de mim
não sinto tuas mãos me tocarem assim
não sei o que mais posso dizer
não sei se ainda irei me render

Não sei se vou esta noite me entregar
nem sei se devo, o meu corpo misturar
junto ao plasma diamantino do teu olhar

Procuro o teu corpo, mas não sei onde está
por onde anda o teu beijo e onde ele foi parar.
Fecho os meus olhos numa loucura em sonhar
mas sei que no final tu não estarás mais lá

Tento com o meu corpo encontrar
uma mão que este possa tocar
um leito ao qual possa enfim se deitar
talvez um final que ele, a fim, possa mudar

Tudo que ele sente é um vazio pelo ar
um complemento que ficou por completar
talvez um sorriso que ficou de esvaziar
o pulmão de vida que vive por apenas suspirar

Uma mente perdida que ficou de em vida achar
uma vida sentida que ficou de em partida, segurar
um coração que arrebatado ficou de um dia se entregar
para que do solitário meio de viver, possa restaurar

Não vejo os teus olhos, pois não consigo enxergar
Não sinto a tua carne pois não consigo mais pensar
Não sinto mais o meu corpo para ainda tentar lutar
nem tão pouco vejo um lugar para enfim descansar

Onde devo te encontrar?
Onde devo arriscar?
O que devo falar?
Devo eu amar?

Abraçar esta solidão que está a me assolar?
Cumprimentar este mártir que está a me torturar?
Simpatizar com este sentimento que está para ficar?
Ou apenas levantar para uma nova história começar.


Thiago Guimarães de Pina

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